terça-feira, outubro 31, 2006

Huahuahua


Roger, o alienígena de American Dad, roubou o blackberry do Dick Chenney e começou a passar trotes para representantes de vários países na Assembléia da ONU:
– Alô, Argentina? A sua geladeira está funcionando bem? Não ?! Talvez vocês não devessem ter privatizado a água e a eletricidade!

segunda-feira, outubro 30, 2006

Recomeço de namoro

Essa reeleição do Lula não está com um jeitão de recomeço de namoro?
É, um daqueles recomeços depois de quase quatro anos juntos... Dá uma certa nostalgia do tempo em que você a admirava de longe, enxergava nela a perfeição, a saída para todos os males. E que luta para vocês se juntarem, né? Mas a vida real, claro, apresentou-se ligeira para acabar com o seu romantismo pueril. A moça não era lá aquelas coisas: falava uma coisa e fazia outra, parecia deslumbrada com o casório (você, provedor afável, lhe deu certo conforto que ela nunca teve). Você foi complacente, fingia não ver as escapadelas, não ligava pra fofoca – aprendera a não confiar nos vizinhos que nunca quiseram a união de vocês! Mas quando a traição ficou evidente, escancarada, ah, aí você, por mais apaixonado que fosse (e você ainda era), capitulou. Desistiu. Desenganou. Com meu sonho não se brinca, minhas juras de amor, pô, que que é isso! Esquecer o que o padre falou... E saiu à procura de outras mulheres.
Mas o mercado estava difícil. As mesmas putas velhas de sempre e uma ou outra ninfetinha até bem intencionada, impetuosa, mas que não era para agora. Você queria relação duradoura e teria de pegar para criar. Apenas uma certeza: a vaca da sua ex, que torrou o seu cartão de crédito por oito anos, ah, essa nunca mais!
Aí, ela voltou. Arrependida, pediu perdão. Disse que era só sua. Que tinha largado as drogas e as más companhias. "E olha, o nosso relacionamento não foi tão mau assim." Até que ela tinha razão... Era ela ou a ex, sejamos sensatos. Você que, não sabe viver sozinho, capitulou. Deu mais uma chance. Sem o brilho nos olhos de outrora, mas deu. Menos romântico, mais calejado, fortalecido e mais confiante de, quem sabe, um dia andar sozinho – ou de encontrar outra que seja aquilo que ela não é. Mas, como diz aquela propaganda do Visa, a vida é agora. E você vai dormir na esperança não de um amor incondicional, mas de ao menos que a quantidade de chifres seja menor desta vez.

sexta-feira, outubro 27, 2006

O que faz da escola, escola (parte 2)

Veja a primeira parte dessa reflexão aqui.

A escola, como dissemos, é local de sistematização de conhecimento, e isso a torna singular entre as instituições produtoras de sentido. Considerando isso como verdadeiro, para analisar a pertinência e a relevância da escola nos dias de hoje precisamos nos perguntar:

1- O que significa sistematizar conhecimento?
Sistematizar é construir categorias de pensamento, montar lógicas de pensamento a partir da seleção/significação da informação recebida. "A escola é a única instituição que faz isso", nos disse em aula o professor Adilson Citelli. No texto Formar o Formador de Leitores, Moacir Gadotti afirma que a mídia informa, mas não produz conhecimento:"As mídias ocupam hoje um papel central na formação. Sedução da mídia (imagens, sons, informações, dados...) e, ao mesmo tempo frustração por ser uma informação seccionada, fragmentada, descontextualizada (não é conhecimento). (...) Tarefa da escola: selecionar criticamente a informação. Formar para ler a informação e, sobretudo, produzir informação e conhecimento. Trabalho de reconstrução a partir do que lhe é ofertado pela mídia. Construir sua própria narrativa." Citelli reafirmou em aula, por outras palavras, a mesma posição. "Não saiamos [a escola] do terreno da sistematização para o da informação. Nesse terreno, não conseguiremos competir com os media".

2- A sistematização deixou de ser importante na sociedade atual?
Não, embora aparentemente possa parecer que sim. No quadro Os três pólos do espírito (1993), Pierre Levy afirma que a passagem do pólo da escrita (típico da sociedade industrial ou moderna) para o pólo informático-mediático (típico do pós-industrialismo ou da pós-modernidade) foi marcada por profundas transformações tecnológicas que, por sua vez, acarretaram mudanças de valores, formas de conhecimento e de aprendizado. Do raciocínio de Levy, destacamos:
A- Os critérios dominantes deixaram de ser "a busca da verdade pela crítica, objetividade e universalidade", sendo substituídos pela "eficácia, pertinência local, mudanças e novidade".
B- As formas canônicas do saber migraram da "teoria (explicação, fundação, exposição sistemática) e interpretação" para a "modelização operacional ou de previsão e simulação."
Nesse contexto, um ensino focado na sistematização pode parecer uma ociosidade – a explosão de escolas, faculdades e universidades de formação pragmática, exclusivamente voltadas para o "mercado de trabalho", não seria um sintoma disso? Por esse prisma, a sistematização de conhecimento não seria um atributo essencial para se viver e se mover na sociedade...
Duvidamos disso – a não ser que aceitemos que o mundo de hoje esteja bom, o que definitivamente não é o caso. Pensamos que cabe-nos fazer a crítica da sociedade atual – consumista, fetichista, mercadocêntrica, acrítica. Defender de um ensino sistematizador é defender um método contrahegemônico, capaz de sustentar valores (por que a educação não é neutra) que se contraponham aos atuais – solidariedade, justo valor, pensamento crítico. Longe de ser algo supérfluo, a sistematização é atributo indispensável para formar sujeitos dotados de capacidade de reflexão e ação autônomas, características fundamentais para a construção desse outro mundo possível.

3- Como deve ser o professor "pós-moderno"?
Gadotti defende que, na sociedade pós-moderna ou da informação (que ele prefere chamar de "sociedade aprendente"), o professor passa de lecionador a mediador de sentidos. "O novo professor é um profissional do sentido. Diante dos novos espaços de formação (diversas mídias, ONGs, Internet, espaços públicos e privados, associações, empresas, sindicatos, partidos, parlamento...), o novo professor integra esses espaços e deixa de ser lecionador para ser um “gestor” do conhecimento social (popular), o profissional que seleciona a informação e dá/constrói sentido para o conhecimento, um mediador do conhecimento. “Gestor” aqui significa construtor, organizador, mediador, coordenador. Não se confunde com “gerente” de uma empresa."

Uma necessária parte 3, ainda por ser escrita, precisa enfatizar necessariamente a linguagem e a lógica escolar, em contraposição com a midiática. Assunto, quem sabe, para a semana que vem.

quarta-feira, outubro 25, 2006

Coisas que eu gostaria de ter dito

"Votarei no Lula. Embora não confie mais nele e no PT, confio menos, mas muito menos mesmo, no PSDB, sobretudo nessa versão de agora, em que nos aparecem acolchoados de ética e honestidade."
Agnaldo Farias, crítico de arte e professor da FAU-USP, na Folha de hoje

PQP

terça-feira, outubro 24, 2006

Semiótica petista


Alckmin usou gravata vermelha no debate de ontem. Será que ele jogou a toalha? Desesperou e está tentando conquistar os votos petistas? Ou simplesmente a azul estava lavando? Seja como for, como nos lembra Adilson Citelli em Comunicação e Educação, citando Mikhail Bakhtin:
"Ler o signo [verbal ou não verbal] é, pois, ler a consciência. Os interesses, conceitos, ideologias, visões de mundo podem ser reconhecidos nos discursos postos em movimento pelos sujeitos. As palavras, as frases, os textos – para nos limitarmos ao plano verbal – registram, sob diferentes circunstâncias, os modos pelos quais as experiências são representadas." (p. 58)

segunda-feira, outubro 23, 2006

Lembranças de Açailândia


acai12, originally uploaded by Rodrigo Ratier.

Do nosso curso de educação para a Comunicação Comunicar para Mudar o Mundo, em Açailândia (MA), nos dias 3 e 4 de setembro. O que é comunicação para Pedro, J. Filho, Mônica, Elielliton e Mauro Sérgio.
Veja mais fotos do curso em Açailândia no meu álbum do Flickr.

Eu torço pelo SBT

Torço mesmo. Uma pena que a rede tenha caído nos últimos anos pelo abuso do mundo cão e dos enlatados da americana ABC – há uns tempos, se você ligasse só assistia uma coisa ou outra. Mas assisti a trechos da programação nesta quinta e no fim de semana e fiquei feliz de ver a rede do mestre Sílvio Santos (como diria Júlio Bernardes) voltando suas baterias para sua verdadeira vocação: a cultura popular – a verdadeira cultura popular, massiva e de qualidade oscilante, mas popular.
Nessa seara, o SBT é imbatível: a linhagem de apresentadores capitaneada pelo SS (Gugu, Portioli, Hebe e o fora do ar Ratinho) é a melhor no que diz respeito ao contato direto com o público, a informalidade, a identificação dos fenônemos que de fato mexem com as camadas mais populares. Mesmo os programas com pretenso glamour, como o "Bailando por um Sonho", acabam com cara de festa de 15 regada a frituras e karaokê.
Eu acho isso bom, aproxima e acolhe o público, dá mais liberdade e é mais verdadeiro. O padrão Globo de qualidade, imitado agora pela Record, é um formato que engessa e encobre. Espaço para a improvisação só mesmo para os reis do caco, Didi (até ele tá bem domesticado...) e Faustão.
Mas um problema crônico o SBT ainda carrega: a grade horária imprevisível. Coisas do SS.

sexta-feira, outubro 20, 2006

Homerismos



Springfield legaliza o casamento gay. Homer vira ministro episcopal para celebrar uniões do mesmo sexo. Em uma entrevista no Smartline de Kent Brockman...
– Vamos começar o debate. Reverendo Simpson...
– Por favor, Kent. Me chame de "Sua Santidade".

Internet: possibilidades e limitações

Artigo Como Governar Quando Toda a Imprensa é Contra do blog Conversa Afiada, do Paulo Henrique Amorim, enviado pelo amigão Marcel Gomes:
A constatação
1) Todos os jornais são contra Lula;
2) Todas as revistas são contra Lula, com exceção da Carta Capital;
3) Todas as rádios são contra Lula;
4) E uma rede de televisão – a Globo – (...) reagrupou suas forças e aliados (...) para derrotar o presidente Lula.


A sugestão Migrar para outra mídia, dando um salto tecnológico
É a mais plausível. Usar a internet.
O Governo Lula é quem mais precisa de inclusão digital. Os sites de informação do Governo ou de instituições ligadas ao Governo na internet são de uma inépcia petista.
De uma maneira geral, os governos, os partidos (com exceção do PC do B) e os políticos brasileiros (com exceção de César Maia e Zé Dirceu) não sabem usar a internet.


O que nos interessa no assunto A Internet já é uma ferramenta de produção e circulação de significados contra-hegemônicos?

Opinião do não menos amigão Léo Sakamoto
Isso é aplicável no futuro, hoje a internet é ainda veículo de elite - 10% da população tem acesso à rede.
É interessante considerar um fato: o rádio e a TV nasceram como veículo de massa de recepção coletiva. Mais de uma pessoa pode assistir ou ouvir aos programas ao mesmo tempo. Isso cria em torno do hardware um espaço de discussão pública, uma pequena ágora - para lembrar o espaço político da pólis grega. Em comunidades do interior americanos nos anos 30 e depois nos anos 50 foram instalados rádios e TVs coletivos, em torno dos quais se ajuntava a população local. No Brasil isso ainda é comum, principalmente no interior do Nordeste e da região Norte - já visitei cidades com isso é é muito interessante o efeito.
Já a internet é de massa, mas com recepção individual. A discussão conseqüente se dá a posteriori - ou seja, você se torna um difusor indireto da informação recebida - ou imediatamente, mas no cyberespaço. De certa forma, hoje, a sua "ágora eletrônica" te torna mais próximo do morador de classe média de Belém e Amsterdã, do que do miserável de São Paulo (com exceção ao acesso aos telecentros, que é incipiente).
Considerando que o rádio e a TV englobam inclusive os excluídos (analfabetos, por exemplo) enquanto a internet é um meio excludente por natureza, por só pegar os letrados, e considerando que temos mais de 17 milhões de analfabetos (isso sem contar os funcionais), acredito que essa revolução democratizante só ocorra com a próxima geração, ou seja, nossos filhos. Pois não creio na erradicação da analfabetismo em curto prazo.


Meu comentário
Concordo com as ressalvas do Léo – a internet ainda é excludente e pouco difundida (embora imaginar que líderes comunitários aprendam a usá-la não me parece uma perspectiva distante). Apesar disso, sou muito otimista quanto às suas possibilidades. Essa mídia tem uma série de características únicas

1- Com conhecimentos técnicos rudimentares, qualquer receptor vira produtor de informações e de opiniões. Vide este escriba que vos tecla
2- Seu alcance global e sua estrutura sem centro definido permitem a formação de redes e a amplificação das demandas, dos pontos de vista e das lutas sociais
3- Custo baixíssimo comparado a outras mídias:

A internet tem o que, dez anos? E tanto já aconteceu: explosão do pontocom, a febre de buscas do google, you tube, web 2.0... Imagina o que pode acontecer daqui para a frente, quando a cultura digital estiver mais assimilada. Acho que o futuro de nossas lutas pela transformação passa pelo mouse, modem e computador.
Bom fim de semana!

quinta-feira, outubro 19, 2006

O que faz da escola, escola

Cumprindo (às vezes mal) suas funções clássicas de formar, informar e entreter, a mídia pode "roubar" o lugar que é (ou foi) da escola?
Não. Para o professor da ECA Adilson Citelli, autor de Comunicação e Educação, a escola é escola porque é nela que a informação, a formação e o entretenimento são (ou deveriam ser) questionados e objeto de reflexão, para posteriormente serem aceitos, rejeitados ou modificados num processo que leva tempo:
"A escola continuará sendo escola, portanto locus de sistematização e, sobretudo, produção de saber. A 'leitura' dos sistemas de comunicação, no seu compósito de produção, circulação e, sobretudo, recepção, deve estar integrada aos fluxos crítico-dialógicos dos demais discursos com os quais a escola trabalha" (p. 16-17)
O mesmo assunto, com o mesmo autor, em outro livro, Aprender e Ensinar com Textos Não Escolares:
"A sedução exercida pelos consoles de videogame, pela sintaxe descontínua da MTV, pelos fragmentos publicitários não podem colidir com o necessário trabalho sistematizador que envolve procedimentos de proposição, desenvolvimento/maturidade, síntese/conclusão. Ou seja, de processos laboriais e de investigação que requisitam um tempo de plantio, florescimento e colheita. E aqui ainda existem ações a serem desenvolvidas pela escola que, felizmente, ainda não desapareceram." (p. 26-27)
Bom dia!

terça-feira, outubro 17, 2006

Conversa de bar

Ah, as conversas de bar, sempre tão importantes para a gente formar opinião... Provas incontestáveis de que a recepção é um processo e não um momento. Importantíssimas – e olha que eu não sou nada boêmio. Uma certeza e uma dúvida da última conversa de bar que tive, no sábado, com os queridos amigos Zé Kley e Léo, no bar Paróquia (Vila Mariana. Preços não muito católicos, chopp ok, sandubas idem):
Certeza: Dá vontade de ver o Lula ganhar só para pegar esses jornalistas da grande imprensa e gritar na cara deles: chuuuuupa! Uma colunista do Estadão (não lembramos o nome) chegou ao ponto de dizer que "o povo está contra a opinião pública" – implícito no raciocínio da moça que suas opiniões representam a "pública"...
Dúvida: O governo deveria parar de anunciar em meios de comunicação que ultrapassam o nível da defesa de idéias contrárias e partem para a mentira aberta e descarada? Eu acho que não. Não há maneira de justificar um veto como esse a não ser pelo viés ideológico. Injúria, calúnia e difamação tem de ser enfrentadas na Justiça, mesmo com todos os defeitos do nosso sistema judicial.
Quanto à ideologia dos meios de comunicação em tempos de eleição (todos têm uma, claro), um apanhado legal é este artigo do blog do Emir.
Beijos, boa semana!

sexta-feira, outubro 13, 2006

O medo da avaliação

Avaliar é preciso. Ser avaliado também. Na conversa que tive com o pesquisador José Martinez-de-Toda, ele lembra que não há nenhuma universidade latino-americana entre as 200 melhores do mundo. Ele suspeita que parte da culpa pelo fracasso possa ser creditada à nossa (latino-americana) repulsa pela avaliação. Heloísa Dupas Penteado, em Comunicação escolar – Uma metodologia de ensino, defende que o passado ditatorial fez com que avaliação virasse sinônimo de censura.
Não é, ela explica. É sinônimo de controle, de guia para saber para onde estamos indo. Não me esqueço de que, na banca de entrada do mestrado na FE-USP, uma coisa que um dos avaliadores elogiou na minha proposta foi a busca por uma avaliação da iniciativa pedagógica que eu propunha. "Em educação, sem avaliação qualquer um prova qualquer coisa. Por isso é importante avaliar."
Descobrir e implementar avaliações amplas e democráticas, que estabeleçam um diálogo (e não uma imposição) com os educandos são outros quinhentos. Mas que avaliar é preciso, ah, isso é.

Fla X Flu partidário

Citando Chico Buarque, Nelson Motta resume o Fla X Flu partidário brasileiro em texto na Folha de hoje:
"No fundo, sempre existiu no PT a idéia de que você ou é petista ou é um calhorda. Um pouco como o PSDB acha que você ou é tucano ou é burro."

quarta-feira, outubro 11, 2006

Por que ainda voto Lula?

Porque acredito que o PT ainda é a única alternativa partidária à esquerda viável no pais. Bravatas à parte (“estou mais à esquerda do que Lula”, como disse o Alckmin), se os movimentos sociais legítimos e representativos têm algum poder de pressão, ele sem dúvida é maior com o PT do que com o PSDB. Ainda que os compromissos históricos com as bases tenham sido detonados, como lembrou Wanderley Guilherme dos Santos em artigo na Folha:
“É inadimissível que um partido com a representatividade social do PT, sigla depositária das expectativas dos operários urbanos, trabalhadores rurais, pequenos agricultores e grande parcela dos profissionais liberais, tenha sua vida do dia-a-dia administrada por personagens cujos nome de batismo e poder só venham a ser conhecidos quando dão entrada na polícia. Nada têm em comum com o eleitor petista, entusiasta da disputa eleitoral democrática e que por mais de 20 anos acompanha a trajetória do PT, honestamente acreditando nos compromissos institucionais e de justiça social por ele assumidos.”
Na linha programática, quem faz as necessárias ressalvas é João Pedro Stédile, do MST, em seu texto “É preciso barrar a direita e derrotar Alckmin”, também na Folha:
“Nos últimos quatro anos, houve um governo de coalizão, como costuma dizer o ministro Tarso Genro, e as forças do capital continuaram influenciando para manter a política neoliberal. Por outro lado, forças de esquerda conseguiram avanços na política externa, na defesa das estatais e em algumas áreas sociais, como a educação pública e o salário mínimo.”
A ligação com os movimentos sociais é a minha principal justificativa pró-Lula. Um apoio sem um centésimo da empolgação de 2002, e com uma séria desconfiança de que a política do século 21 vai se dar cada vez mais distante do ambiente partidário. Mas na hora da decisão é preciso posicionar-se, né?

terça-feira, outubro 10, 2006

Partilha do conhecimento

Artigo de Koïchiro Matsura, na Folha de domingo (08.10):
"A partilha de conhecimento (...) não é o problema, e sim a solução. A partilha de conhecimento não divide o conhecimento, mas o leva a crescer e multiplicar-se."
Quem sabe e divide o que sabe não precisa temer que aquele a quem ensina "roube" o seu lugar. Conhecimento é construção coletiva, dividi-lo é condição necessária para saber mais.
Boa noite!

segunda-feira, outubro 09, 2006

Cinco idéias sobre o debate de ontem

1- Debates de TV não esclarecem opiniões, projetos, dúvidas etc. Pelo menos não nos moldes atuais. Concordo com o Pierre Bourdieu, que no seu livro Sobre a Televisão diz (mais ou menos assim) que é impossível haver embate consistente de idéias e formação consistente de opiniões em tempos tão resumidos – 45 segundos para pergunta, dois minutos para a resposta, um minuto para a réplica, um para a tréplica e acabou. Fica tudo muito no ar.

2- Sugestão para aprofundar as questões: permitir participação mais ativa aos mediadores, com direito a réplica, apresentação de dados confiáveis (amenizando o fato de cada candidato apresentar uma estatística diferente) e possibilidades de apertatr mais o entrevistado.

3- Lula tá arrogante, sim. Vocês viram quantas vezes ele mandou o Alckmin agradecer a ele por ter feito alguma obra? Olha, eu voto nele (neoliberalismo não dá meeeesmo), mas realmente seria bom que ele descesse do seu mundo paralelo para debater e governar.

4- O nacionalismo é uma idéia idiota. Do ponto de vista dos direitos humanos e da soliedariedade entre os povos, é ridículo o ataque do Alckmin à posição conciliadora do Lula quanto ao conflito com a Bolívia. Um ser humano passando fome aqui é igual a um ser humano passando fome lá. A defesa de ideais nacionais só faz sentido quando é contrária à desigualdade, o que não é o caso.

5- Os ataques "técnicos" ao Lula geralmente descambam em preconceito. Começam com ataques à falta de ética (justo), gastos errados (questionável) e costumam terminar com "ah, vai, o cara é torneiro, mecânico, ignorante, não tem preparo" (lamentável). Tasso Jereissati, na Folha de hoje, sobre um suposto erro de leitura do petista : "Ele [Lula] não sabe nem ler direito".

quinta-feira, outubro 05, 2006

Analisando: Na guerra, a primeira vítima é...

Do ponto de vista jornalístico, não há nenhum argumento (relevância, atualidade, interesse público) que justifique o fato de Folha e Estadão deixarem de fora de suas edições de hoje a notícia de que a PF não encontrou indícios da participação de Freud Godoy no escândalo do dossiê. O cara, como se sabe, era o elo que ligava Lula (de quem era assessor) ao perrengue todo. O veto, com certeza, é ideológico. Né não?
Beijos, boa noite!

(08.10) Errei: um comentário me alertou de que a Folha publicou, sim, a notícia. Com bem pouco alarde, é verdade, mas publicou. Errei ao procurar na edição de 5a e não na de 4a. Mal aí, gente, e obrigado a quem deixou o comentário.

quarta-feira, outubro 04, 2006

Lendo: o que é informação?

Do livro Discurso das Mídias, de Patrick Charaudeau, uma análise semiótica (estudo de formas e conteúdos dos discursos) relativista sobre os discursos das mídias, sem determinismos ou regras fechadas. A hipótese de "o que é informação" proposta pelo autor tem por base o instrumental da filosofia da linguagem e da psicologia social:
"A informação não corresponde apenas à intenção do produtor, nem apenas à do receptor, mas como resultado de uma co-intencionalidade que compreende os efeitos visados [pelo produtor], os efeitos possíveis [da mensagem] e os efeitos produzidos [no receptor]. Esses três lugares se definem como num jogo de espelhos em que as imagens incidem umas sobre as outras." (p. 28)

terça-feira, outubro 03, 2006

Fazendo: Minicurso na FE-USP

O companheiro Aldo Pontes, professor da FAM e da USF me convidou para ministrar o minicurso Educação com e para as Mídias: desafios e possibilidades junto com ele. O lance rolou na 4ª Semana de Educação na Faculdade de Educação da USP, na manhã do dia 28 de setembro. Abaixo, a foto dos participantes do curso, cortesia do colega Alexandre Faria, de Itapeva (SP).

Pensando: Encontro com José Martínez-de-Toda

No último domingo, tive o prazer de me encontra com o pesquisador espanhol José Martínez-de-Toda, um jesuíta que estuda comunicação e educação (C&E). Em um pós-doutorado na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, Martínez desenvolveu uma metodologia de avaliação para programas de educação para a comunicação – foi isso o que atraiu meu interesse para o seu trabalho.
Como ele viria ao Brasil para uma reunião dos jesuítas, combinamos de nos encontrar no dia 1º de outubro, quando eu o levaria de Congonhas para Cumbica e ele me daria o seu livro (Não publicado no Brasil, não disponível na net e publicado apenas em italiano, língua da qual não manjo nada. Mas isso é um outro problema...). No trajeto e no aeroporto, discutimos C&E por umas três horas. Aprendi coisas interessantes. Pretendo publicar neste espaço nos próximos dias algumas idéias da nossa conversa, que começou com ele falando em espanhol e eu em português (sim, também não manjo nada de espanhol) e terminou com ambos falando inglês. Coisas da comunicação...
Beijos, bom dia!

Começou: seja bem vindo!

Tô numa fase totalmente internética. Web 2.0, msn, netvibes e agora esse blog, "Comunicar para Mudar o Mundo". Seja bem vindo! Neste espaço, quero discutir comunicação e educação (C&E) de uma perspectiva transformadora – daí o "Mudar o Mundo" do título, que também é o nome do programa de educação para a comunicação que coordeno na ONG Repórter Brasil. Espero que você goste desse espaço, visite-o e colabore com ele quando puder. Para começar, quero deixar uma frase do Paulo Freire que, para mim, já é quase um lema de vida:
"O mundo não é. O mundo está sendo."
Bom dia, amigos!