quinta-feira, janeiro 13, 2011

A proposta de regulação da mídia britânica

A Ofcom, agência independente de regulação da mídia britânica, divulgou sua proposta inicial para 2011 e 2012. O documento, ainda sujeito a modificações a partir de encontros públicos abertos à comunidade, apresenta ideias para a regulação da televisão, rádio, internet e companhias de telecomunicação. O assunto é fonte de intensos debates na Grã-Bretanha. Por lá, o debate entre educação X regulação é muito forte. Interessante a seção "entendendo as mudanças comportamentais de cidadãos e consumidores". Entre outras coisas, o documento afirma que os britânicos estão conectados a alguma mídia em 55% do tempo em que estão acordados. E que, graças a o consumo concomitante de várias mídias, eles "fazem caber" 8h 47 min de consumo midiático em 7 horas.


Obras de referência sobre Comunicação

Uma parceria entre três entidades – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Federação Brasileira das Associações Científicas e Acadêmicas de Comunicação (Socicom) e o Fórum Brasil Conectado – é a responsável pelo lançamento dos três volumes do Panorama da Comunicação e das Telecomunicações no Brasil. O catatau, que serve como obra de referência, tem mais de 600 páginas. Interessante sobretudo o volume 3, que traça um quadro abrangente sobre a produção de conhecimento em comunicação no Brasil.

Chamada para papers: encontro em Portugal

Situada em Portugal, a Associação de Investigadores da Imagem em Movimento aceita, até o dia 13 de fevereiro, papers para seu primeiro encontro anual. O evento será realizado de 5 a 7 de maio na Universidade do Algarve, Faro.

Sobre o tema dos trabalhos:
"A AIM convida-o(a) a submeter propostas de contribuição, em Português, Inglês e Castelhano, que não excedam 1500 caracteres (incluindo espaços), nas áreas abaixo indicadas (que poderão ser alargadas a outras):
- cinema;
- televisão;
- vídeo;
- cgi;
- Internet;
- media digitais;
- literacia dos media."

Apenas associados podem apresentar propostas. A associação requer o pagamento de uma taxa anual de 20 euros (estudantes) ou 30 euros (demais profissionais). Já a inscrição no evento como ouvinte é aberta a todos.

Uma pequena apresentação sobre a AIM, retirada diretamente de seu site.
"Criada em Janeiro de 2010, a AIM – Associação de Investigadores da Imagem em Movimento pretende reunir em Portugal o conjunto de investigadores que têm em comum objectos e temas de pesquisa relacionados com a imagem em movimento, assim como promover e discutir a investigação da imagem em movimento em áreas tão diversificadas como a arqueologia do cinema, o cinema, a televisão, o vídeo, a Internet, novos media digitais, entre outras."

segunda-feira, janeiro 11, 2010

Casoy e os lixeiros

Sou contra qualquer tipo de perseguição quanto a questões de opinião, ainda que a dita-cuja seja preconceituosa. É o caso da ofensa de Boris Casoy aos lixeiros. Porém dois poréms:

Primeiro, como diria o inagualável Al Bundy, “só é trapaça quando você é pego”. Portanto, perdeu, playboy.

Segundo, adoro quando espirra a espuma da boca da elite branca raivosa e conservadora, os atos-falhos dos que defendem os elevadores de serviço, a queda da máscara dos cagadores de regra que não suportam ter um presidente sindicalista fazendo farofa com seu isoporzinho na praia. A esses, Zagallo: “Vão ter de me engolir”. Ou Maradona: “Chupem. Chupem todos”.

E o lado positivo: a democratização da informação. A internet tem promovido uma reação como — para ficar nas palavras do nosso farofeiro-mor (como está claro, sem nenhuma conotação pejorativa) — “nunca antes na história desse país”. Algo que não teria sido possível, em escala histórica, anteontem.

P.S.: Alguns textos legais sobre o episódio:

- Jaime Amparo-Alves no Brasil de Fato, traz a lembrança de referências (DaMatta, Chauí, PS Pinheiro) que mostram as raízes desse pensamento preconceituoso. Só não compro a ideia dos jornalistas como correia de transmissão dos patrões. A coisa está mais para uma auto-referência – em geral, não nos aliamos aos diferentes de nós nem os toleramos na mesma equipe.

- Texto de O Provocador no R7.

- No blog Cloaca News, um post sobre texto de O Cruzeiro com a suposta participação de Boris Casoy no Comando de Caça aos Comunistas (CCC).

quinta-feira, janeiro 07, 2010

O efeito Murdoch no WSJ

Vale ler. Reportagem da revista GQ sobre a compra do Wall Street Journal pelo Rupert Murdoch, megamagnata das comunicações – FOX, FOX News, uma dúzia de tablóides, SKY TV etc. O bacana é que “Tha Day The Journal Died” é construído desde um ponto de vista interno da redação. Jornalistas e ex-jornalistas (vários resguardados pelo off) contam os temores que tinham com a mudança de dono – nas publicações que adquire, Murdoch é conhecido por dar uma guinada de entretenimento, reduzir a quantidade e a qualidade de investigações e demitir muita gente. A turma do WSJ, que cultiva a auto-imagem de trabalhar em jornal sério e independente, se coçou. Alguns medos de fato se concretizaram (o jornal abriu mais espaço para esportes, o que era quase impensável até então), no que é visto como uma tentativa de posicionar o WSJ (antes tido como “o segundo jornal de todo mundo”) como o concorrente conservador para o “esquerdista” New York Times. A aposta de Murdoch, intuem os entrevistados, é que todos a maioria dos jornalões nacionais vão sucumbir. Tudo se resumirá à briga NYT X WSJ.

Há também várias subtramas saborosas. A minha preferida é a do antigo diretor de redação, Marcus Brauchli, principal interlocutor do reportariado junto aos caras da grana e defensor dos tradicionais princípios WSJ de fazer as coisas. Indagado pela equipe sobre a possibilidade de mudanças que abalassem esses pilares, costumava dizer “não vai acontecer enquanto eu estiver de olho”. Pois bem: chegou a turma nova e ele foi meio escanteado da cúpula decisória. Um tempo depois, rescindiu o contrato. Pegou uma senhora grana – os rumores falam em 5 milhões de dólares – e se mandou. As reações dos colegas oscilaram do ódio a, hum, uma resignada compreensão:

Anonymous #1: I think there was a lot of anger and a lot of disappointment. People looked back to that statement he had made early on—"This won't happen on my watch"—and there was a sense of, "There's no longer anybody to stand up and say that." There was a fear that if they'd managed to make all these changes with Marcus around, what would they be able to do with him gone? People wanted him to say, "How dare you take over this paper, how dare you not honor your agreement to leave the editors in charge in place, how dare you usurp that power?" At one point while walking through Money & Investing he was confronted by a reporter who asked, "Is it true about the five million dollars [the sum Murdoch reportedly paid Brauchli to buy out his contract]?" To his credit Marcus stopped and talked to him for quite a while, but he never answered the question.

Chen: Marcus was the last of the Mohicans. But he took his buyout and left. Maybe there were some people who were upset—"He took the buyout, he got paid to leave quietly." But what is being done here is not shocking. It's not improper. Indeed, that is how business is done. You're gonna stand there and say, "Sir, you will have to eject me forcibly?" It's ridiculous. They say, "We'll give you a couple of million." Why would you not take it?

Anonymous #1: The newsroom I think was divided on whether Brauchli should stay and fight or leave on principle. Of course what ended up happening was that he did neither of those things. He left without principle.

O que você teria feito?

sábado, dezembro 19, 2009

Boas férias. Feliz Natal. Ótimo 2010.

Amigos, amigas,

A partir de hoje, eu e este blog estamos de coletivas até o dia 4 de janeiro. Obrigado pela leitura e pela companhia. Feliz natal e um ano novo maravilhoso, cheio de saúde e felicidade, para todos e cada um de nós.
Um beijo,
Rodrigo.

quinta-feira, dezembro 17, 2009

Chupinhe seu próprio logo

Para jornalistas metidos a fotochopeiros, como a minha pessoa:

http://www.designinterviews.com/news/101-Logo-Tutorials-62907.html


segunda-feira, dezembro 14, 2009

Esquema visual: esquerda X direita


Imagens, desenhos, diagramas são ferramentas poderosas para comunicar conceitos complicados (à custa de simplificações, óbvio, porém quando o trabalho é bem feito a clareza compensa). No ótimo Cool Infographics, conheci esse esquema de direita X esquerda. Apesar de evidentemente redigido por um esquerdista, ajuda a pontuar principais diferenças entre esses dois polos -- para mim, a distinção E X D está longe de ser sepultada ou irrelevante, como querem alguns. Acredito que ela ainda explica muito o mundo hoje.

quinta-feira, dezembro 10, 2009

Projeto Redigir, 10 anos

Dia desses, fui entrevistado para um video comemorativo de 10 anos do Projeto Redigir. Uau, uma década... Ser um dos fundadores do projeto é uma das coisas que mais me traz orgulho nessa vida. Não exagero se digo que minha trajetória profissional se divide entre antes e depois do projeto. A experiência com as aulas voluntárias de redação me levaram para a escola regular e depois para o mestrado (ano que vem, quem sabe, doutorado) em Educação. Também a Nova Escola cruzou a minha trajetória e bem, eis me aqui, com os dois pés enfiados no mundo do ensino aprendizagem. Nada mau por enquanto.

Mas quero falar um pouco do querido Redigir, pontuar tudo o que ele me deu e que é para sempre: uma opção de inserção política não-partidária (nada contra, mas não é a minha), o alcance (enorme!) da democracia direta e de uma organização sem hierarquia, a partilha do poder (e das responsabilidades), a noção prática de processo (o que duradouro não se faz num dia), a fé no futuro e na força para transformar (sempre somada a dos companheiros, muitos dos quais são os mesmos daquela época).

Acho que os 13 estudantes de comunicação da ECA-USP que montamos o curso inicial, lá em 1999, fizemos bastante – entre mortos e feridos, o Redigir está aí até hoje e isso não é para qualquer um, ainda mais considerando que a USP sempre jogou (e ainda joga, pergunte a quem conhece) contra a “extensão gratuita e não pelega” que a gente defendeu. Faltou outro tanto bem grande – documentação e registro adequado, uma proposta pedagógica consistente, sistematizar uma transição para as novas turmas que chegam... Não tivemos perna nem braço para chegar lá. Por isso, me alegra ver o carinho e a garra com que os atuais donos do pedaço encamparam o projeto. Pude conhecer alguns deles na comemoração de 10 anos, quando pude expressar algo parecido a esses pensamentos confusos e renovar minha esperança de que o Redigir, que mora no meu coração, vá mais longe e melhor.