domingo, novembro 30, 2008

Andaraí – produção escrita e intervenção pedagógica

Proposta
No período de uma hora, um grupo de cinco professoras deveria responder, na forma de reportagem, à seguinte pergunta:
QUAL A NOTÍCIA MUITO IMPORTANTE QUE AINDA NÃO FOI DADA, MAS TODO MUNDO PRECISA SABER?

Mídia utilizada
Cartaz

Materiais disponíveis
Papel craft, pincéis atômicos, tesoura, cola, revistas diversas.

Sugestão original
A primeira versão sugerida pelo grupo trazia um texto corrido (infelizmente não guardei o original) de aproximadamente cinco linhas. Não havia proposta de ilustração. Acompanhando o escrito, um título:
“Informação aos habitantes do alto do Ibirapitanga”.

Intervenção pedagógica
Quando as participantes pediram minha opinião, afirmei que, além de o texto ter tamanho grande para o meio proposto, o título não explicava muita coisa. Também não havia uso de nenhum recurso visual. Perguntei a elas quais as características dos cartazes que conheciam:
-- Trazem informações rápidas, disse uma das participantes.
Mostrei ao grupo uma capa de revista e sugeri que um cartaz poderia seguir aquele modelo: a informação mais importante poderia estar explicada em uma frase com letras grandes (a manchete ou título), complementada por uma segunda frase, esta com letras um pouco menores (o olho ou subtítulo), que adicionasse novos elementos ao dado fundamental que se desejava transmitir. Perguntei, inicialmente, por sugestões de títulos:
-- Urgente!, foi a opção de uma das meninas.
Indaguei sobre o poder explicativo desse título:
-- Aprendi em um curso sobre edição de revistas que cada pessoa gasta menos de 3 segundos para decidir se vai ler uma determinada página ou não. Se a gente aplicar o mesmo raciocínio para o cartaz, esse título desvenda o que vocês querem dizer? Convida a continuar a leitura?
Concordaram que não. Depois de algum debate, concluíram que o título precisava de verbo – e que fosse capaz de transmitir a informação essencial que se desejava. O subtítulo ou olho poderia dar mais detalhes. A versão final que as meninas produziram ficou assim:
DENTISTA GRATUITO NO ALTO DO IBIRAPITANGA
Será oferecido serviços de restauração, limpeza, extrações e ainda ganha uma escova como brinde.
Pensando o cartaz como uma forma real de comunicação, sugeri que pensássemos, agora, no público a que ele se destinava. Perguntei se os índices de analfabetismo eram altos em Andaraí. Com a resposta positiva, lancei uma outra questão:
-- Como fazer para que quem não sabe ler também consiga ler o cartaz?
Alguns instantes de silêncio. Debatemos quais eram as principais informações que precisavam ser explicadas (se o título estivesse bem feito, disse eu, era só olhar para ele). Extraímos algumas palavras-chave que deviam ser mostradas aos não alfabetizados:
DENTISTA (o que se oferece)
GRATUITO (como se oferece)
ALTO DO IBIRAPITANGA (onde se oferece)
Para representar o serviços odontológico, as meninas vasculharam revistas e encontraram uma foto de menina sorridente e uma boca aberta. Para indicar o alto do Ibirapitanga, a sugestão foi criar um mapa:
-- Não sabemos desenhar, disse uma delas.
Argumentei que isso não era importante. Com ícones bem simples, é possível dar uma boa noção de localização especial. Perguntei quais símbolos bem conhecidos da cidade eram importantes para que um analfabeto reconhecesse o lugar onde estavam os dentistas:
-- O alto do Ibirapitanga fica do lado oposto ao Ginásio, todo mundo conhece.
-- Isso é afastado aqui do centro? Que símbolos poderíamos usar para guiar alguém daqui até lá?
Pouco a pouco, foram surgindo novos ícones: a estátua do garimpeiro na praça central, a igreja, a oficina. Desenhadas com simplicidade, compriram a função principal de qualquer gênero comunicativo: transmitir a mensagem de forma intelegível por seu público alvo.
O resultado final ficou assim:

(Clique para ampliar)

2 comentários:

Anônimo disse...

uau! Quanta informação! Adorei este aqui, sou dentista... Eliane Ratier

Anônimo disse...

uau! Quanta informação! Adorei este aqui, sou dentista... Eliane Ratier