segunda-feira, janeiro 11, 2010

Casoy e os lixeiros

Sou contra qualquer tipo de perseguição quanto a questões de opinião, ainda que a dita-cuja seja preconceituosa. É o caso da ofensa de Boris Casoy aos lixeiros. Porém dois poréms:

Primeiro, como diria o inagualável Al Bundy, “só é trapaça quando você é pego”. Portanto, perdeu, playboy.

Segundo, adoro quando espirra a espuma da boca da elite branca raivosa e conservadora, os atos-falhos dos que defendem os elevadores de serviço, a queda da máscara dos cagadores de regra que não suportam ter um presidente sindicalista fazendo farofa com seu isoporzinho na praia. A esses, Zagallo: “Vão ter de me engolir”. Ou Maradona: “Chupem. Chupem todos”.

E o lado positivo: a democratização da informação. A internet tem promovido uma reação como — para ficar nas palavras do nosso farofeiro-mor (como está claro, sem nenhuma conotação pejorativa) — “nunca antes na história desse país”. Algo que não teria sido possível, em escala histórica, anteontem.

P.S.: Alguns textos legais sobre o episódio:

- Jaime Amparo-Alves no Brasil de Fato, traz a lembrança de referências (DaMatta, Chauí, PS Pinheiro) que mostram as raízes desse pensamento preconceituoso. Só não compro a ideia dos jornalistas como correia de transmissão dos patrões. A coisa está mais para uma auto-referência – em geral, não nos aliamos aos diferentes de nós nem os toleramos na mesma equipe.

- Texto de O Provocador no R7.

- No blog Cloaca News, um post sobre texto de O Cruzeiro com a suposta participação de Boris Casoy no Comando de Caça aos Comunistas (CCC).

quinta-feira, janeiro 07, 2010

O efeito Murdoch no WSJ

Vale ler. Reportagem da revista GQ sobre a compra do Wall Street Journal pelo Rupert Murdoch, megamagnata das comunicações – FOX, FOX News, uma dúzia de tablóides, SKY TV etc. O bacana é que “Tha Day The Journal Died” é construído desde um ponto de vista interno da redação. Jornalistas e ex-jornalistas (vários resguardados pelo off) contam os temores que tinham com a mudança de dono – nas publicações que adquire, Murdoch é conhecido por dar uma guinada de entretenimento, reduzir a quantidade e a qualidade de investigações e demitir muita gente. A turma do WSJ, que cultiva a auto-imagem de trabalhar em jornal sério e independente, se coçou. Alguns medos de fato se concretizaram (o jornal abriu mais espaço para esportes, o que era quase impensável até então), no que é visto como uma tentativa de posicionar o WSJ (antes tido como “o segundo jornal de todo mundo”) como o concorrente conservador para o “esquerdista” New York Times. A aposta de Murdoch, intuem os entrevistados, é que todos a maioria dos jornalões nacionais vão sucumbir. Tudo se resumirá à briga NYT X WSJ.

Há também várias subtramas saborosas. A minha preferida é a do antigo diretor de redação, Marcus Brauchli, principal interlocutor do reportariado junto aos caras da grana e defensor dos tradicionais princípios WSJ de fazer as coisas. Indagado pela equipe sobre a possibilidade de mudanças que abalassem esses pilares, costumava dizer “não vai acontecer enquanto eu estiver de olho”. Pois bem: chegou a turma nova e ele foi meio escanteado da cúpula decisória. Um tempo depois, rescindiu o contrato. Pegou uma senhora grana – os rumores falam em 5 milhões de dólares – e se mandou. As reações dos colegas oscilaram do ódio a, hum, uma resignada compreensão:

Anonymous #1: I think there was a lot of anger and a lot of disappointment. People looked back to that statement he had made early on—"This won't happen on my watch"—and there was a sense of, "There's no longer anybody to stand up and say that." There was a fear that if they'd managed to make all these changes with Marcus around, what would they be able to do with him gone? People wanted him to say, "How dare you take over this paper, how dare you not honor your agreement to leave the editors in charge in place, how dare you usurp that power?" At one point while walking through Money & Investing he was confronted by a reporter who asked, "Is it true about the five million dollars [the sum Murdoch reportedly paid Brauchli to buy out his contract]?" To his credit Marcus stopped and talked to him for quite a while, but he never answered the question.

Chen: Marcus was the last of the Mohicans. But he took his buyout and left. Maybe there were some people who were upset—"He took the buyout, he got paid to leave quietly." But what is being done here is not shocking. It's not improper. Indeed, that is how business is done. You're gonna stand there and say, "Sir, you will have to eject me forcibly?" It's ridiculous. They say, "We'll give you a couple of million." Why would you not take it?

Anonymous #1: The newsroom I think was divided on whether Brauchli should stay and fight or leave on principle. Of course what ended up happening was that he did neither of those things. He left without principle.

O que você teria feito?