sexta-feira, dezembro 04, 2009

Jornalicídio

A coisa tá feia. O newsosaur Alan D. Mutter cunhou o termo “jornicídio” para descrever a atual crise do mercado nos EUA. Remetendo-se ao Paper Cuts, inventário das demissões em jornais americanos, fala em 15 mil pés na bunda em 2009 – no ano passado, foram 16 mil. O encolhimento, diz o autor pode levar mesmo à extinção da profissão:

Vanishing employment opportunities and shrinking freelance compensation threaten to wipe out a substantial percentage of the next generation of professional journalists. (…)

But the loss of a substantial portion of what would have been the next generation of journalists also will be tragic for society. The loss will deprive citizens in the future with the insights that only can be delivered by dedicated professionals with the time, skills and motivation to dig deeply into difficult stories.

Um estágio na revista Wired, queridinha dos descolados e descoladas mundo afora, tá valendo 12 dólares a hora. O Mutter diz que é menos do que se ganha num Starbucks, se formos considerar as gorjetas.

Me lembra um texto de que gosto muito, publicado no livro Jornalismo na Era Virtual, do Bernardo Kucinski, Declínio e Morte do Jornalismo como Vocação. Ok, há um pessimismo endêmico nos textos do Bernardo, pelo menos nos que li até agora (e não foram assim tão poucos). Mas me identifico com a análise e a provocação sintetizadas num dos últimos parágrafos do texto:

“O jornalismo é hoje uma profissão de passagem, da qual a maioria procura fugir logo que consegue emprego mais bem remunerado, menos estafante e menos controlado.”

Nenhum comentário: