sexta-feira, outubro 20, 2006

Internet: possibilidades e limitações

Artigo Como Governar Quando Toda a Imprensa é Contra do blog Conversa Afiada, do Paulo Henrique Amorim, enviado pelo amigão Marcel Gomes:
A constatação
1) Todos os jornais são contra Lula;
2) Todas as revistas são contra Lula, com exceção da Carta Capital;
3) Todas as rádios são contra Lula;
4) E uma rede de televisão – a Globo – (...) reagrupou suas forças e aliados (...) para derrotar o presidente Lula.


A sugestão Migrar para outra mídia, dando um salto tecnológico
É a mais plausível. Usar a internet.
O Governo Lula é quem mais precisa de inclusão digital. Os sites de informação do Governo ou de instituições ligadas ao Governo na internet são de uma inépcia petista.
De uma maneira geral, os governos, os partidos (com exceção do PC do B) e os políticos brasileiros (com exceção de César Maia e Zé Dirceu) não sabem usar a internet.


O que nos interessa no assunto A Internet já é uma ferramenta de produção e circulação de significados contra-hegemônicos?

Opinião do não menos amigão Léo Sakamoto
Isso é aplicável no futuro, hoje a internet é ainda veículo de elite - 10% da população tem acesso à rede.
É interessante considerar um fato: o rádio e a TV nasceram como veículo de massa de recepção coletiva. Mais de uma pessoa pode assistir ou ouvir aos programas ao mesmo tempo. Isso cria em torno do hardware um espaço de discussão pública, uma pequena ágora - para lembrar o espaço político da pólis grega. Em comunidades do interior americanos nos anos 30 e depois nos anos 50 foram instalados rádios e TVs coletivos, em torno dos quais se ajuntava a população local. No Brasil isso ainda é comum, principalmente no interior do Nordeste e da região Norte - já visitei cidades com isso é é muito interessante o efeito.
Já a internet é de massa, mas com recepção individual. A discussão conseqüente se dá a posteriori - ou seja, você se torna um difusor indireto da informação recebida - ou imediatamente, mas no cyberespaço. De certa forma, hoje, a sua "ágora eletrônica" te torna mais próximo do morador de classe média de Belém e Amsterdã, do que do miserável de São Paulo (com exceção ao acesso aos telecentros, que é incipiente).
Considerando que o rádio e a TV englobam inclusive os excluídos (analfabetos, por exemplo) enquanto a internet é um meio excludente por natureza, por só pegar os letrados, e considerando que temos mais de 17 milhões de analfabetos (isso sem contar os funcionais), acredito que essa revolução democratizante só ocorra com a próxima geração, ou seja, nossos filhos. Pois não creio na erradicação da analfabetismo em curto prazo.


Meu comentário
Concordo com as ressalvas do Léo – a internet ainda é excludente e pouco difundida (embora imaginar que líderes comunitários aprendam a usá-la não me parece uma perspectiva distante). Apesar disso, sou muito otimista quanto às suas possibilidades. Essa mídia tem uma série de características únicas

1- Com conhecimentos técnicos rudimentares, qualquer receptor vira produtor de informações e de opiniões. Vide este escriba que vos tecla
2- Seu alcance global e sua estrutura sem centro definido permitem a formação de redes e a amplificação das demandas, dos pontos de vista e das lutas sociais
3- Custo baixíssimo comparado a outras mídias:

A internet tem o que, dez anos? E tanto já aconteceu: explosão do pontocom, a febre de buscas do google, you tube, web 2.0... Imagina o que pode acontecer daqui para a frente, quando a cultura digital estiver mais assimilada. Acho que o futuro de nossas lutas pela transformação passa pelo mouse, modem e computador.
Bom fim de semana!

3 comentários:

Anônimo disse...

Rodrigo,

Eu ainda acho que a web vai dar mais algumas boas surpresas pra gente, principalmente com relação às redes que estão se encontrando nela.

Além disso, acho que a inclusão ainda vai pegar (de verdade). Imagina os alunos nas escolas públicas tendo acesso desde cedo à internet, salas de bate-papo, editores de imagem, de texto... mais ou menos como vcs tiveram já mais ou menos novos.

Anônimo disse...

Em linhas gerais, no Brasil computadores ainda são privilégio da elite. As políticas de criação e manutenção de telecentros, os projetos de informática na escola e as políticas de crédito e subsídio para a compra de computadores pessoais são incipientes e não geraram até agora uma "revolução digital" nas classes mais populares. Agora, telefones celulares têm se popularizado de modo impressionante no Brasil. É por meio do telefone móvel que classes populares tomam contato e introduzem em suas vidas a "cultura digital". Comemoraremos a virada do ano com 100 milhões de aparelhos celulares, em um universo de 185 milhões de brasileiros. (E olha que as tarifas ainda são altíssimas.) Por que não pensar que processos contra-hegemônicos digitalizados podem tomar a forma de SMSs, ringtones, produção audiovisual e acesso à internet pelo telefone?

Anônimo disse...

Obrigado por Blog intiresny